
Foto: arquivo SINDPDRJ
Por Celio Stemback Barbosa*
Como se não bastasse a campanha negacionista do presidente e seus ministros, cujo gerenciamento totalmente inadequado da pandemia no País já causou a morte de mais de 570 mil brasileiros e brasileiras, apareceram na CPI da Covid indícios de corrupção na compra de vacinas e indicação de medicamentos sem efeito comprovado pelo Ministério da Saúde. Ou seja, além da corrupção que vem sendo investigada no ministério do Meio Ambiente, agora temos o peso de possível roubalheira também no Ministério da Saúde.
Desde o golpe de 2016, o Brasil vem passando por um retrocesso sem precedentes, com o desmonte de políticas públicas voltadas para a população mais vulnerável. O País regrediu nesses últimos cinco anos em diversas áreas, como saúde, educação, gênero, economia e meio ambiente.
A reforma Trabalhista de 2017 abriu caminho para a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, aumentou o desemprego e colocou o Brasil novamente no mapa da fome. São milhões de desempregados vítimas dessa política de extrema direita sustentada por mentiras e ameaças de todo tipo.
A privatização de empresas públicas sob a falsa argumentação de que dão prejuízo ao País, é mais uma forma de desmonte do Estado. No caso do Serpro e da Dataprev, a privatização coloca em risco dados sensíveis dos brasileiros e brasileiras.
A Dataprev (foto), por exemplo, disponibiliza a concessão automática de benefícios, aposentadorias urbanas, salário maternidade, extrato previdenciário, consulta a vínculos trabalhistas, requerimentos, extrato de empréstimo consignado e de imposto de renda, dentre diversas outras funcionalidades como o Meu INSS e o portal GOV.BR.
Maior empresa pública de TIC da América Latina, o Serpro, entre outras atividades tem sob sua responsabilidade: CPF, passaporte, Declaração de Imposto de Renda, além do Cadastro Nacional das Pessoas Físicas e Jurídicas, entre outros serviços.
As duas empresas de TI são, portanto, responsáveis por guardar os dados de todos os brasileiros e das empresas. Em caso de privatização, esses dados poderão passar a ser hospedados (e explorados) em servidores privados, pondo em risco a totalidade dos cidadãos, além de comprometer a soberania do país no que diz respeito a informações extremamente sensíveis.
Diante desse quadro catastrófico, cabe a cada um de nós, como cidadãos, lutar para que essa política de retrocesso da extrema direita seja barrada. Para isso temos as redes sociais e as ruas, mesmo em tempos de pandemia.
No dia 18 de agosto foi o dia de luta contra todos esses absurdos. A data marcou a greve dos servidores públicos em todo o Brasil contra a reforma Administrativa, luta que incluiu a defesa de empregos e direitos.
É fundamental que os trabalhadores e trabalhadoras, principalmente do Serpro e da Dataprev, sempre apoiem e divulguemos movimentos de luta em suas redes sociais, para brecar a privatização dessas empresas que, juntas, detêm os dados de toda a população brasileira e para demonstrar seu descontentamento com o retrocesso que gera miséria.
*Coordenador SINDPDRJ, trabalhador da Dataprev ha 33 anos, filiado ao PT.