*Por Antonio Lopes Cordeiro (Toni):
Estamos diante de mais um ano eleitoral, que se repete a cada dois anos. Isso é ruim? Não do ponto de vista da conquista frente à ditadura militar e do que uma eleição direta representa e sim do ponto de vista estrutural e organizativo, ao imaginarmos que mal saímos de um processo eleitoral e entramos em outro, com as pessoas construindo seus sonhos para a próxima eleição. Algo que confunde a cabeça do povo, ainda mais com a obrigatoriedade do voto. O resultado é a grande quantidade de gente que nem vai votar ou vota em branco ou nulo. Além disso, a maioria vota em pessoas e não em projetos.
Algo seria providencial. Um balanço ou uma avaliação criteriosa depois de uma eleição. Alguma coisa que apontasse erros e acertos, além dos possíveis caminhos para se seguir construindo a democracia participativa, visto que a representativa vive em crise e está cada vez mais desacreditada. São os projetos pessoais levam a maioria eleita a se perpetuarem nos cargos, evitando o surgimento de novos atores. Com isso os cargos eletivos se tornam verdadeiras profissões, com seres que se acham insubstituíveis.
Jamais se pode negar a importância das eleições diante da democracia e dos arranjos que se formam nas campanhas, que poderão migrar para novas formas de organização, sem contar toda luta para o retorno das eleições diretas por anos. O que se questiona é o método, o uso das pessoas como garrafinhas ou massa de manobra e o que se faz depois de uma eleição.
O que há de novo diante de tudo isso? O que sempre esteve presente por quem transforma em luta sua missão de vida. A motivação por uma nova sociedade justa, fraterna e igualitária, com projetos que caibam principalmente a população pobre e desassistida que mendiga por um bem viver.
Como isso possível? Passo a passo. Unindo as lutas. Construindo referenciais que fiquem no imaginário da classe trabalhadora. Desenvolvendo projetos coletivos. Construindo mandatos populares e envolvendo o maior número de pessoas possíveis na caminhada sem usá-las.
O poder popular é um conceito, usado pela primeira vez pelo albanês Enver Hoxha, fundador do Partido do Trabalho da Albânia e líder da Albânia Socialista. Portanto um projeto que traz em si uma causa coletiva e atua como uma ferramenta essencial para a construção e manutenção dos sonhos de mudanças rumo a uma nova sociedade.
No front das lutas do dia surge algo que nos anima e nos faz acreditarmos que a luta continua. A pré-candidatura da companheira Leticia Florêncio (foto) nos enche de esperança. Ela vem de um projeto coletivo de décadas, não nega a sua história e vai construindo referenciais a partir de grandes pautas construídas coletivamente. Algo que se diferencia, principalmente num cenário de uma Baixada Fluminense refém de pequenos favores, dinheiro dos milicianos e acostumada a votar em quem promete, mas não cumpre um futuro melhor.
O projeto Letícia é Lula 2022 está sendo construído a várias mãos e para nós que sempre acreditamos ser possível a mudança ele é uma meta futura repleta de sonhos e de pessoas que sabem aonde querem chegar.
Como dizia Paulo Freire o que nos resta é a ousadia de esperançar sempre, pois o futuro é uma morada que se começa a construí no agora, com os sonhos e envolvimento de todas as pessoas que florescem a cada dia a partir da organização coletiva e o fortalecimento de um Poder Popular.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
http://gestaopublicasocial.blogspot.com
(Edição de Francis Ivanovich e Foto de Raphael Bocanera)