Por Letícia Florêncio:
O que isso tem de peculiar?
A Baixada Fluminense é um substantivo feminino, composto por maioria de mulheres de muitas matrizes étnicas, muito especialmente, negras e de várias regiões do Brasil. Carrega na sua história, a violência da colonização, as dores do estupro selvagem do patriarcado, quando lhe invadiu, se apropriou dos seus valores, sugou sua energia, e foi gastar na capital.
A dor de quem é invisibilizada historicamente, de quem sofre o descaso de todos os poderes. A mulher Baixada Fluminense foi abandonada com seus 13 filhos, sem acesso aos bens e serviços públicos, nas mãos do tráfico e da milícia, que aliciam seus meninos e estupram suas meninas. Tem fome e sede de justiça.
Mas, a força ancestral de tantas matrizes étnicas da Sra. Baixada Fluminense, a faz reagir, a torna uma guerreira, empoderada, que já não admite mais ser chamada de cidade dormitório, para apenas ejacularem as sobras das chamadas áreas nobres da cidade, nobres, pela força do trabalho de filhos e filhas da Sra. Baixada Fluminense. Ela está indo à luta, para modificar o futuro de sua família.
Ela não vai mais criar subtrabalhadoras/es para serem subjugados nas áreas nobres. Eles/as se libertarão e se tornarão orgulhosos/as defensores/as desta terra, mãe mulher.
Sim, a Baixada Fluminense é muito feminina, e vive as mesmas angústias que só as mulheres têm. Toda essa invisibilidade e todo o descaso, as mulheres conhecem muito bem. E a mim, resta me somar, fortalecer essa sua luta, por direitos e qualidade de vida, pois, sou uma das filhas da Baixada, e como mulher, sinto as mesmas dores das minhas ancestrais e os mesmos medos das minhas contemporâneas. E quero reagir com elas.
Parabéns à Baixada Fluminense, sua história, trajetórias e referências. Que consigamos fazer cumprir o que determina a Lei que criou esse dia, e ampliemos as reflexões e conhecimentos sobre nossa terra, gerando cidadãs e cidadãos vinculados de corpo e de alma à nossa Baixada Fluminense.
Quanto às mulheres, esse dia é extremamente significativo para refletirmos sobre nossos avanços. Foi criado em homenagem à uma sufragista (Jerônima Mesquita), responsável pela criação do Conselho Nacional de Mulheres.
Refletir os avanços, questionando o status e os privilégios masculinos históricos. Ocupar espaços de poder e decisão e pensar o território como política feminina, para as mulheres e, consequentemente, para toda a sociedade.
Letícia Florêncio é pré-candidata a deputada estadual pelo PT e do Coletivo de Mulheres.